quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A aprendizagem na perspectiva humanista: Carl R. Rogers


Rogers é um dos representantes da psicologia humanista. E, dentro da linha humanista, ele dá grande importância às experiências da pessoa, a seus sentimentos e valores e a tudo o que pode ser resumido como vida interior. Também, é uma das mais importantes teorias da psicologia contemporânea.

Rogers acredita que qualquer pessoa “contém dentro de si as potencialidades para a saúde e o crescimento criativo”. Para ele, o homem é um ser racional, capaz de realizar o seu destino. Portanto não é determinado, mas livre.O humanismo acredita no homem bom, racional e livre, com atitude otimista e visão de realização.

As ideias de Rogers são aplicadas à vida familiar, a conflitos e organização de grupos, à educação e aprendizagem. Para ele, a estrutura da personalidade é baseada no organismo e no self. No organismo, localiza-se a experiência humana, e significa todo o campo fenomenológico onde se situa o homem. Deste campo fenomenológico se destaca uma parte, o self, ou autoconceito, representando a noção que a pessoa tem de si (tanto a real – o que realmente é, como a ideal – e o que deseja ser).

Assim como pensa Gardner (estudado antes), Rogers propõe um ensino centrado no aluno, já que é ele que aprende. Mas segundo ele, para aprender, existem algumas condições, que são:
- Confiança na capacidade dos outros de aprender por si mesmo;
- O professor-facilitador partilha com os estudantes a responsabilidade pelo processo de aprendizagem e provê os recursos de aprendizagem;
- O estudante escolhe o seu próprio programa de estudos;
- É oferecido um clima facilitador de aprendizagem;
- O foco da aprendizagem não está no conteúdo, mas em favorecer um processo contínuo de aprendizagem;
- A disciplina é responsabilidade do aluno;
- E a avaliação é feita pelo próprio aprendiz.

Rogers também estabeleceu alguns princípios de aprendizagem. O princípio central de sua teoria é que não se pode ensinar diretamente a alguém, o que se pode é facilitar a aprendizagem. Outro ponto que ele ressalta é que quando o aluno participa do processo de aprendizagem, esta é facilitada. O aluno aprenderá melhor quando buscar o conhecimento de acordo com seus interesses e do seu ritmo pessoal. E esta aprendizagem voluntária será mais duradoura e persistente.

Rogers também se questiona quanto ao ensinar com o mundo em mudança, sendo que o conhecimento se desatualiza em pouco tempo. Mas aqui ele ressalta que o professor deve ser apenas um facilitador da aprendizagem.

Ainda, são necessárias algumas qualidades do professor-facilitador, para que esse possa desempenhar sua função com êxito:
- O professor deve ser autêntico, uma pessoa real, pode ter entusiasmo ou fleuma, irritação ou simpatia. Não precisa disfarçar o que sente. Pode mostrar se gosta ou não do trabalho dos estudantes, sem deixar de ser um bom professor. Só assim, eles o verão como uma pessoa franca e confiarão nele.
- O professor deve ter apreço, aceitação e ser confiante. É preciso que o professor tenha confiança no organismo humano e nas suas potencialidades e saiba viver a incerteza da descoberta, isto é, saiba conviver com a dúvida.
Para Rogers, numa classe tradicional, em que a ênfase está nos exames, nas notas, na matéria, não há lugar para a pessoa em mudança. E o professor muda tanto quanto o aluno, quando dá liberdade para mover-se, liberdade de ser e de manter a dignidade. Para ele, isso não é sonhador demais. Confiar nas capacidades do outro é mais do que ser apenas professor. É ser um facilitador, que proporciona aos alunos liberdade, vida e oportunidade de aprender.

Rogers acredita na liberdade, e situa algumas destas para promovê-la. Destaco aqui, quando a autora cita Woolfolk (2000), que diz que “ambientes de sala de aula que apoiam a autonomia do aluno estão associados com maior interesse, senso de autocompetência e preferência por desafio”.

Além disso, Rogers também acredita na cooperação. Estudos citados por Woolfolk (2000) demonstram que, quando a tarefa envolve aprendizagem complexa e habilidade de solucionar problemas, a cooperação leva à maior realização do que à competição. Além disso, “a aprendizagem cooperativa bem planejada pode resultar em capacidade melhorada de ver o mundo do ponto de vista de uma outra pessoa, melhores relações entre diferentes grupos étnicos em escolas e salas de aula, autoestima aumentada, maior disposição para ajudar e encorajar colegas e ainda, maior aceitação de alunos incapacitados e de baixo desempenho.
Além de tudo isso, Rogers acredita muito no poder da pesquisa como método de aprendizagem.

Rogers descreve as aprendizagens através da simulação sendo que com ela, o conhecimento é integrado com a vida. Ainda, os alunos desenvolvem a responsabilidade e isso traz bons resultados a aprendizagem.

A instrução programada, outra estratégia defendida por Rogers, tem sua base no condicionamento operante, mas pode ser utilizada por múltiplos meios, inclusive como facilitador da aprendizagem. Pra Rogers, as instruções programadas mais curtas são as mais úteis.

Por fim, Em educação, Rogers, considera o aluno como um todo, o que significa mais que a soma das partes, cuja natureza se expressa em relação aos outros. É um ser consciente, com capacidade de opção, isto é, tem liberdade para decidir. É, também, um ser com intencionalidade, o que significa que suas ações se dirigem a um fim.
Sua pedagogia "centrada no aluno" valoriza mais o significado que os procedimentos metodológicos. Sabe que todo o conhecimento é sujeito à mudança e, por isso, o que importa é a experiência do aluno, responsável por toda a aprendizagem.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Reflexões sobre a Teoria Humanista de Rogers

Acredito que Rogers traz uma grande contribuições para a educação em sua teoria. Ele consegue apontar fatores para que sua teoria seja aplicada, dando estratégias para desenvolvê-las, uma coisa que não foi tão claro perceber nos outros textos.

Por este ponto de vista, acredito que o humanismo é uma corrente muito forte no que diz respeito a atualidade de informações, assim como a Teoria de Gardner.

Acredito que aplicá-la deve render bons frutos, tanto ao aluno quanto ao professor. O que me preocupa são apenas os extremos. O tradicionalismo extremo e a liberdade extrema. Mas acredito que um bom professor consiga conduzir sua aula (ou facilitar a aprendizagem) sem que este extremismo me deixe preocupado. Porque afinal, estamos falando de alunos que necessitam de conhecimento, e como a motivação parte deles, o professor deixa de ser o ator principal (como na teoria comportamentalista) e passa a ser mais um coadjuvante na vida escolar do aluno.

Sem o coadjuvante, o ator principal não conseguirá alcançar seus objetivos com eficiência máxima. Por isso, acredito que somos tão importantes quanto o aluno.

Mas, por ora, me detenho a dizer que a teoria de Rogers me atrai para um lado bom, um lado da liberdade, que com certeza, contribui para o desenvolvimento de minha formação, e mais futuramente, às minhas aulas.

Fichamento - Texto: A aprendizagem na perspectiva humanista: Carl. R. Rogers

Filme: Sociedade dos Poetas Mortos


Filme: No final dos anos 50, ex-aluno (Robin Williams) de uma conservadora escola preparatória se torna o novo professor de literatura da instituição. Entretanto, os métodos de incentivar os alunos a pensarem por si mesmos criam um choque com a ortodoxa direção do colégio. 

Sueli Zaparolli, comentando o filme: "A escola é o lugar onde não só aprendemos os conteúdos programáticos propostos, para obtermos cultura e informação, mas principalmente onde se aprende a viver em conjunto. Época de conquistas, de formação integral e de auto- afirmação. Por meio do filme percebe-se o quanto a educação é coisa do coração, do sentimento também".

Muito interessante, a princípio, pelas cenas que pude ver. Estou baixando e pretendo assistir completo.

Mapa Conceitual: Carl Rogers

Disponível em : http://cmapspublic2.ihmc.us/rid=1208620457437_183048869_611/carl_rogers.cmap. Acesso em 27 fev. 2013.

I can change!


Reportagem Carl Rogers, um psicólogo a serviço do estudante


Para o fundador da terapia não-diretiva, a tarefa do professor é liberar o caminho para que o estudante aprenda o que quiser.
As idéias do norte-americano Carl Rogers (1902-1987) para a educação são uma extensão da teoria que desenvolveu como psicólogo. Nos dois campos sua contribuição foi muito original, opondo-se às concepções e práticas dominantes nos consultórios e nas escolas. A terapia rogeriana se define como não-diretiva e centrada no cliente (palavra que Rogers preferia a paciente), porque cabe a ele a responsabilidade pela condução e pelo sucesso do tratamento. Para Rogers, o terapeuta apenas facilita o processo. Em seu ideal de ensino, o papel do professor se assemelha ao do terapeuta e o do aluno ao do cliente. Isso quer dizer que a tarefa do professor é facilitar o aprendizado, que o aluno conduz a seu modo. 

A teoria rogeriana - que tem como característica um extenso repertório de expressões próprias - surgiu como uma terceira via entre os dois campos predominantes da psicologia em meados do século 20. De um lado havia a psicanálise, criada por Sigmund Freud (1856-1939), com sua prática balizada pela ortodoxia, e, de outro, o behaviorismo, que na época tinha B. F. Skinner (1904-1990) como expoente e se caracteriza pela submissão à biologia. A corrente de Rogers ficou conhecida como humanista, porque, em acentuado contraste com a teoria freudiana, ela se baseia numa visão otimista do homem.

Para Rogers, a sanidade mental e o desenvolvimento pleno das potencialidades pessoais são tendências naturais da evolução humana. Removidos eventuais obstáculos nesse processo, as pessoas retomam a progressão construtiva. "Ele chamou a atenção para a formação da pessoa, a importância de viver em busca de uma harmonia consigo mesma e com o entorno social", diz Ana Gracinda Queluz, pró-reitora adjunta de pesquisa e pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo.

Rogers sustentava que o organismo humano - assim como todos os outros, incluindo o das plantas - possui uma tendência à atualização, que tem como fim a autonomia. Na teoria rogeriana, essa é a única força motriz dos seres vivos. No caso particular dos seres humanos, segundo Rogers, o processo constante de atualização gerou a sociedade e a cultura, que se tornam forças independentes dos indivíduos e podem trabalhar contra o desenvolvimento de suas potencialidades.


Ferrari, Márcio. Carl Rogers, um psicólogo a serviço do estudante. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/carl-rogers-428141.shtml?page=0. Acesso em 27 fev. 2013.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Howard Gardner e a Teoria das Inteligências Múltiplas

Howard Gardner, nascido em 1943, foi o criador da teoria das Inteligências Múltiplas. O surgimento da teoria veio da “repulsa” de Gardner a aceitar que somente a inteligência apontada pelo teste de Qi (criado por Binet) era a válida.

Segundo ele, existe uma visão alternativa para se ver a inteligência das pessoas. Não como um método que avalie apenas o conhecimento matemático e linguístico do ser. É uma visão pluralista da mente, reconhecendo muitas facetas diferentes e separadas da cognição, reconhecendo que as pessoas têm forças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes. Também queria introduzir o conceito de escola centrada no aluno, modelo que seria totalmente oposto ao de Binet.

Gardner define como inteligência a capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários. A ciência neste empreendimento, na medida em que ela existe, envolve tentar descobrir a descrição certa das inteligências. O que é uma inteligência? Para tentar responder a esta pergunta, ele examinou, um amplo conjunto de fontes que jamais haviam sido consideradas juntas anteriormente. Uma das fontes é aquela que já conhecemos, referente ao desenvolvimento de diferentes tipos de capacidades nas crianças normais. Uma outra fonte, e muito importante, é a informação sobre o modo pelo qual estas capacidades falham sob condições de dano cerebral.

Deste pensamento, Gardner conseguiu criar uma lista de sete inteligências, que ele próprio descreveu ao longo do texto. A inteligência linguística é o tipo de capacidade exibida em sua forma mais completa, talvez, pelos poetas. A inteligência lógico-matemática, como o nome implica, é a capacidade lógica e matemática, assim como a capacidade científica. A inteligência espacial é a capacidade de formar um modelo mental de um mundo espacial e de ser capaz de manobrar é operar utilizando esse modelo.

A inteligência musical é a quarta categoria de capacidade identificada por ele: Leonard Bemstein a possuía em alto grau; Mozart, presumivelmente, ainda mais. A inteligência corporal-cinestésica é a capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos utilizando o corpo inteiro, ou partes do corpo. Ainda, sugeriu duas inteligências “pessoais”. A inteligência interpessoal, que é a capacidade de compreender outras pessoas: o que as motiva, como elas trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas e a inteligência intrapessoal, um sétimo tipo de inteligência, que é uma capacidade correlativa, voltada para dentro,é a capacidade de formar um modelo acurado e verídico de si mesmo e de utilizar esse modelo para operar efetivamente na vida. Com isso, ele queira deixar clara a pluralidade do intelecto.

Gardner considerava a inteligência como potencial biológico. E com a teoria, propôs uma escola diferente, uma escola voltada para um entendimento e desenvolvimento ótimos do perfil cognitivo de cada aluno. Esta escola tem um planejamento diferente, já que para ele, nem todas as pessoas têm os mesmos interesses e habilidades. Uma escola centrada no indivíduo seria rica na avaliação das capacidades e tendências Individuais. Ela procuraria adequar os indivíduos não apenas a áreas curriculares, mas também a maneiras particulares de ensinar esses assuntos. E depois dos primeiros anos, a escola também procuraria adequar os indivíduos aos vários tipos de vida e de opções de trabalho existentes em sua cultura.

Ele ainda propôs um novo conjunto de papéis na escola. Lá haveriam de ter os “especialistas em avaliação”, que teriam que tentar compreender, ao sensível e completamente quanto possível, as capacidades e interesses do aluno na escola. E ainda, cada escola teria “agentes de currículo para o aluno” que ajudariam a combinar os perfis, objetivos e interesses dos alunos a determinados currículos e determinados estilos de aprendizagem. Também, seriam necessários, “agentes da escola-comunidade”, que seriam pessoas que deveriam encontrar situações na comunidade, determinadas opções não disponíveis na escola, para as crianças que apresentam perfis cognitivos incomuns.

Com esta visão, ele acredita que os professores seriam liberados para fazer aquilo que devem fazer, que é ensinar o assunto da sua matéria, em seu estilo de ensino preferido.

Criticando sempre o modelo de medição da aprendizagem chamado de Quociente de Inteligência (QI), Gardner introduziu seu ponto de vista alternativo, em que Uma inteligência implicaria na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural. A capacidade de resolver problemas permitiria a pessoa abordar uma situação em que um objetivo deve ser atingido e localizar a rota adequada para esse objetivo. A criação de um produto cultural seria crucial nessa função, na medida em que captura e transmite o conhecimento ou expressa as opiniões ou os sentimentos da pessoa. Os problemas a serem resolvidos variam desde teorias científicas até composições musicais para campanhas políticas de sucesso.

Logo após, Gardner descreve as sete inteligências iniciais. Abaixo, um resumo com as principais características das pessoas que possuem cada uma das inteligências mais afloradas:



Inteligência Musical
Alta percepção em entender, perceber e criar ritmos e timbres.

Inteligência Corporal-Cinestésica
Alto controle dos movimentos do corpo e boa coordenação motora.

Inteligência Lógico-Matemática
Alta capacidade de dedução e bom senso de lógica

Inteligência Linguística
Grande desenvolvimento da escrita, capacidade de aprender novas línguas e palavras.

Inteligência Espacial
Capacidade de perceber relações e padrões visuais, e ainda, formas espaciais.

Inteligência Interpessoal
Capacidade de perceber os sentimentos de outras pessoas, e compreendê-las.

Inteligência Intrapessoal
Tem grande autoconhecimento e uso preciso deste.

Em seguida, Gardner traz as implicações de sua teoria para a educação. Uma vez que todas as inteligências são parte da herança humana genética, em algum nível básico cada inteligência se manifesta universalmente independentemente da educação ou do apoio cultural. Deixando de lado no momento, as populações excepcionais, todos os seres humanos possuem certas capacidades essenciais em cada uma das inteligências.

Mas, embora todos os seres humanos possuam todas as inteligências em algum grau, certos indivíduos são considerados "promissores". Eles são extremamente bem-dotados com as capacidades e habilidades essenciais daquela inteligência. Este fato se torna importante para a cultura como um todo, uma vez que, em geral, esses indivíduos excepcionalmente talentosos realizarão notáveis avanços nas manifestações culturais daquela inteligência.

Outro ponto bastante ressaltado na teoria é a importância da avaliação.
Os meios de avaliação que Gardner sugeriu deveriam buscar fundamentalmente as capacidades de resolver problemas ou elaborar produtos nos indivíduos, através de uma variedade de materiais. Ainda, a avaliação de uma determinada inteligência (ou de um conjunto de inteligências) deveria salientar problemas que podem ser resolvidos nos materiais daquela inteligência.

Por fim, o autor ressalta a capacidade que o professor deve ter em lidar com a pluralidade das inteligências, a fim de obter melhores resultados.

Nota: Atualmente, as inteligências já são 8, pois Gardner reconheceu a Inteligência Naturalista, que é a capacidade de interagir com a natureza.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Análise da Teoria das Inteligências Múltiplas

Pois bem, acredito que esta seja uma das teorias mais interessantes estudadas. Sim, já falei isso pra cada teoria que ia descobrindo, mas essa me chama muita atenção no que se refere ao modelo de escola. Gardner queria uma escola centrada no aluno, e não nos desejos do professor.

Interessante foram seus questionamentos acerca do teste de QI. Em sua percepção, é bem provável, que estes caiam de uma vez por toda, das análises psicológicas (se é que já não caíram), pois não conseguem identificar a capacidade das múltiplas inteligências do ser.

Logo após uma breve análise, do texto, pude perceber o quanto essa teoria pode me ajudar no desenvolver de minha profissão. Uma educação centrada no aluno seria a chave para muitos problemas que os professores enfrentam. Além dos alunos aprenderem muito mais, acredito que eles estariam mais motivados a aprender. E a motivação, também é um dos pontos principais para que esta teoria realmente funcione.

Não acredito nos métodos extremamente tradicionais no que diz respeito à educação. Sou a favor de uma educação diferenciada, que apoie o aluno, para que este possa construir um conhecimento conciso e de boa qualidade, e não apenas, reproduza o que ele aprendeu durante a sua vivência escolar.

Acredito também, que estudar cada uma destas inteligências seja importante, para que possamos utilizar um pouco de todas na didática. Uma aula muito mais agradável e rentável é o resultado disso. Com certeza, fica meus sinceros aplausos a Gardner por esta teoria inovadora e completamente maravilhosa.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Teste das Inteligências Múltiplas - Adaptado

Ref.: BELLAN, Zezina. Heutagogia – Aprenda a Aprender Mais e Melhor. Santa Barba d’Oeste: SOCEP Editora, 2008

Artigo: Desenvolvendo a inteligência lógico-matemática em sala de aula


Um bom artigo que traz ideias de como desenvolver a teoria das inteligências múltiplas, especialmente a inteligência lógico-matemática em sala de aula.

O artigo foi publicado na XIII Conferência Interamericana de educação matemática. Vale a pena ler e desenvolver as idéias dos autores em sala de aula.

Projeto Zero


Achei muito interessante (apesar de um pouco limitado para nós brasileiros) o site do Projeto Zero, desenvolvido por Gardner em Harvard. Vale a pena dar uma conferida nas notícias a respeito do desenvolvimento de sua teoria e sobre as suas pesquisas atuais.

Link: Projeto Zero.

Escolas para todas as inteligências



Do Japão à Argentina, alguns colégios ensinam criatividade, autoconhecimento e outras habilidades que não estão no livro didático de seu filho.

“Eu tinha um jardim de 8 metros quadrados, mas regava apenas 2 metros quadrados dele.” Assim um professor na Turquia definiu a mudança no modo de trabalhar depois que sua escola adotou a teoria das inteligências múltiplas. Criada na década de 80 pelo psicólogo americano Howard Gardner, professor da Universidade Harvard, a teoria propõe a existência de pelo menos oito tipos de inteligência. Segundo Gardner, as habilidades tradicionalmente reconhecidas e ensinadas nas escolas – o raciocínio lógico e a capacidade de aprender e usar a língua – são apenas parte das potencialidades do cérebro. As outras inteligências seriam: a musical, a de visualizar espaços, a de controlar movimentos do corpo, a de lidar com elementos da natureza, a de relacionar-se com os outros e a de conhecer os próprios limites e expectativas.

Desde que Gardner lançou a teoria, educadores em todo o mundo experimentam modelos alternativos para estimular as oito inteligências na escola. O primeiro resultado dessas experiências costuma ser uma mudança no olhar do professor, como aconteceu com o professor turco citado no começo desta reportagem.

“Antes, para mim, os alunos que se destacavam em outras áreas que não matemática e língua eram menos inteligentes. Lamento por tê-los discriminado.”

O relato é um dos muitos reunidos no livro Inteligências múltiplas ao redor do mundo, organizado por Gardner e que será lançado nesta semana no Brasil pela Editora Artmed. No livro, educadores de 15 países da Europa, da Ásia e das Américas contam como aplicaram a teoria em escolas públicas e privadas. Não há relatos sobre o Brasil. Gardner, como psicólogo, nunca passou instruções aos educadores. Por isso, as experiências são bem diversas.

Mas há dois princípios que marcam as adaptações de sua teoria às escolas. O primeiro é a tentativa de dar atendimento individual aos alunos – um meio de identificar em qual inteligência o aluno tem facilidade ou dificuldade.

Na americana Key School, a primeira a colocar a teoria em prática, cada aluno tem semanalmente um momento livre em que recebe a atenção exclusiva do professor. Ele desenvolve a tarefa de seu interesse enquanto o professor o observa. Pode ser a pesquisa de um motor, a construção de uma maquete ou a redação de um poema. O aluno propõe a tarefa e se dedica a ela por quantas horas quiser.
Ao final, o professor discute quais foram os pontos fortes e fracos da atividade, e o aluno escreve um relato. O objetivo é ensiná-lo a conhecer seus próprios interesses, facilidades e limites. A avaliação feita pela escola também é diferente. O boletim acompanha o estágio de motivação do aluno em cada inteligência. Em vez de dar notas por disciplina, o professor avalia se o aluno apresenta motivação interna, externa, passiva ou dispersão.

O segundo princípio dos educadores que trabalham com a teoria de Gardner é o esforço para variar linguagens. Em vez de ensinar uma lição só com a leitura de um texto, o professor também propõe uma atividade motora. Foi o que rendeu ao professor Naohiko Furuichi o prêmio do Programa para Educação Científica da Fundação para a Educação da Sony no Japão. Para ensinar as fases da Lua, Furuichi montou uma maquete da órbita da Terra com diversas luas, cada uma pintada de acordo com a iluminação que recebe naquela posição. No meio da maquete, no lugar da Terra, ele fez um buraco onde os alunos colocam a cabeça.

“Olhando as miniaturas do centro eles entendem por que a Lua parece diferente para nós”, afirma Furuichi. Além da maquete, Furuichi apresenta um poema sobre a relação entre uma flor oriental e a posição da Lua. Com esse tipo de atividade, ele procura estimular os alunos em pelo menos duas inteligências: línguas e visualização de espaços.

Embora ocorram em vários continentes, as experiências inspiradas em Gardner geram controvérsias nas escolas. Para abrir espaço para atividades tão diferentes, é preciso reduzir a quantidade de conteúdo. E, como o professor respeita o ritmo de cada aluno, não é possível submetê-los a avaliações em larga escala – principal instrumento para os governos manterem o controle da qualidade do ensino. Um dos maiores críticos da difusão das ideias de Gardner nas escolas é o educador americano Eric Donald Hirsch Junior. Hoje aposentado, ele foi o principal defensor da importância dos testes nacionais nos Estados Unidos. Para Hirsch, um currículo extenso enriquece o vocabulário e fixa o domínio da escrita e do raciocínio lógico-matemático, ferramentas importantes no mercado de trabalho.

Tirando o foco dessas inteligências, a escola perderia sua melhor ferramenta para promover a igualdade social. A resposta de Gardner a essa crítica é que o mundo de trabalho atual também exige criatividade, habilidade pouco trabalhada pelo ensino tradicional de conteúdos. Ele diz ainda que as outras inteligências são importantes para a vida fora do trabalho. “Se você é bom de língua e lógica, vai se achar muito inteligente na escola”, disse, em entrevista a ÉPOCA.

“Mas, no dia em que se vir na Floresta Amazônica ou no trânsito caótico de São Paulo, vai descobrir que não sabe tanto assim.”

Aranha, Ana. Escolas para todas as inteligências. Disponível em: http://www.fbb.br/graduacao-noticia.aspx?id=1878. Acesso em 17 fev. 2013.

Vygotsky e a teoria histórico-cultural

Lev Vygotsky, nascido em 1896, curiosamente o mesmo ano de Jean Piaget, criou um novo jeito de ver a aprendizagem: A teoria histórico-cultural.

A obra de Vygotsky pode ser dividida em duas partes: A primeira até 1924, e a segunda a partir desse ano, quando aconteceu o II Congresso de Psiconeurologia de Leningrado, onde o autor apresentou o trabalho "Métodos da pesquisa reflexológica e psicológica", provocando uma importante ruptura na sua carreira profissional.

Em 1926, Vygotsky cria o Instituto de Defectologia Experimental que, desde então, vem realizando pesquisas sobre ensino e programas educativos para crianças com necessidades especiais.

Vygostky teve uma formação acadêmica diferenciada. Isso, no sentido de que todos os cursos por ele realizados foram consequências de interesses e trabalhos prévios, mostrando assim, como o significado atribuído ao curso efetuado é um fator determinante na formação acadêmica de qualquer ser humano.

Deixando claro os objetivos de sua obra, Vygotsky queria reformular a teoria psicológica partindo da perspectiva marxista, uma vez que suas crenças nos principios marxistas eram honestas e profundas. Segundo Luria "Vygotsky era o líder teórico marxista entre nós" e ainda "nas suas mãos, os métodos marxistas de análises cumpriam um papel fundamental na hora de marcar o nosso caminho" (Wertsch, 1988, p. 28). O outro objetivo de sua obra era desenvolver formar concretas de tentar solucionar alguns problemas práticos enfrentados pela URSS.

Para Vygotsky, para entender o indivíduo, primeiro devemos entender as relações sociais nas e pelas quais ele se desenvolve. Vygotsky ainda criticava o estudo objetivo do comportamento externo, considerando-o um materialismo mecanicista.

Os três princípios que determinaram a estrutura teórica do trabalho realizado por Vygotsky são:
a) a crença no método genético ou evolutivo;
b) a tese de que os processos psicológicos superiores têm a sua origem nos processos sociais e;
c) a tese de que os processos mentais podem ser entendidos somente através da compreensão dos instrumentos e dos signos que atuam como mediadores.

Com relação ao primeiro princípio - a importância de estudar o processo - Vygotsky afirma que não devemos nos preocupar em estudar o produto do desenvolvimento, mas sim, seu processo. 'O estudo histórico (no sentido mais amplo da palavra história) do comportamento não é um aspecto auxiliar do estudo teórico, e sim, forma a sua autêntica base (Vygotsky, 1979).

Já o segundo refere-se ao lugar onde os fenômenos psicológicos se desenvolvem, isto é, à origem social dos processos mentais humanos.

Ele ainda, formulou a "lei genética do desenvolvimento cultural" na qual afirma que "Qualquer função presente no desenvolvimento cultural da criança aparece duas vezes. Em primeiro lugar, aparece no plano social, para posteriormente aparecer no plano psicológico. Inicialmente aparece entre as pessoas como uma categoria interpsicológica para, posteriormente, aparecer na criança como uma categoria intrapessoal" (Vygotsky, 1981. apud Wertsch, 1988, p. 77). Para explicitar melhor esse conceito, Vygotsky criou dois pressupostos para sua teoria: a internalização e a Zona de desenvolvimento proximal.

O grande objetivo de Vygotsky foi o de constatar como as funções psicológicas, tais como a memória, a atenção, a percepção e o pensamento aparecem primeiro na forma primária para, posteriormente, aparecerem em formas superiores. Ele também, estabeleceu diferenças para as formas de desenvolvimento natural e a linha de desenvolvimento social. Esse autor entende que não é a natureza, mas sim a sociedade
 que deve ser considerada como determinante ao comportamento humano. Segundo Vygotsky, quando o homem transforma o ambiente, através de seu próprio comportamento, essa mesma modificação influencia em seu comportamento futuro.

Deve-se destacar também o conceito de mediação. A mediação é o processo de intervenção de um elemento intermediário em uma relação. Esta deixa de ser direta e parra a ser mediada por um elemento intermediário. Para Vygotsky, os seres humanos se relacionam com o mundo por meio de uma relação mediada, e não direta.

Assim como Piaget, Vygotsky entendia que a internalização é um processo no qual certos aspectos da estrutura da atividade, que foram realizados num plano externo, passam a ser executados num plano interno. A diferença de Vygotsky é que ele acreditava que a atividade externa deveria ser considerada como processos sociais mediatizados semioticamente, também argumentava que as propriedades desses processos proporcionariam a chave para entender a aparição do funcionamento interno. Portanto, a internalização supõe a reconstrução individual de uma atividade externa e social e é ela que nos difere dos animais.

Conforme Vygotsky, é pela aprendizagem com os outros que o indivíduo constrói constantemente o conhecimento, promovendo o desenvolvimento mental e passando desse modo, de um ser biológico a um ser humano. Nessa perspectiva, podemos concluir que para Vygotsky, o aprendizado é o responsável último pelo desenvolvimento. Ele inicia por um desenvolvimento interpsicológico e segue por um plano intrapsicológico.

A ZDP

Vygotsky denominou nível de desenvolvimento potencial ao conjunto de atividades que a criança é capaz de realizar com a ajuda, colaboração, guia de outra(s) pessoa (s). O autor diferencia esse nível do nível de desenvolvimento real, que é aquele que corresponde aos ciclos evolutivos já alcançados e definem-se operacionalmente pelo conjunto de atividades que a criança é capaz de realizar sozinha, sem autorização ou a ajuda de outros.

Outro aspecto importante deste conceito refere-se à análise sa imitação e do jogo, na criança. Podemos dizer que a imitação permite a transformação do desenvolvimento potencial em atual; enquanto o jogo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. Essa zona normalmente é localizada acima de sua idade e de sua possibilidade de ação atual, incorporando assim, os instrumentos, os signos e as pautas de conduta de sua cultura.


Além disso, vale ressaltar a importância da fala no desenvolvimento da criança. A fala é considerada um dos elementos de origem sócio-cultural que atua sobre a formação dos processos mentais superiores da criança. Para Vygostky, inicialmente a linguagem começa na sua interação com os outros (função interpessoal), desenvolvendo a linguagem socializada. Essa linguagem é interiorizada, e isso faz com que a criança que, inicialmente  procurava outra pessoa para resolver problemas, comece a procurar soluções nela mesma, adquirindo a linguagem, desse modo, uma função intrapessoal.

Por fim, para o autor, tanto o desenvolvimento como a aprendizagem estão intimamente relacionados dentro de um contexto cultural o qual oferece forma e unidade. Esse contexto cultural é o que proporciona a matéria prima do funcionamento psicológico. O indivíduo cumpre o seu processo de desenvolvimento movido por mecanismos de aprendizagem acionados externamente. Assim, a cultura transforma a natureza para adequá-la aos fins do homem.




Cometários da Teoria de Vygotsky

Um importante fator a ressaltar, para iniciar minha reflexão é o quanto a teoria de Vygotsky me faz perceber que a interação com os outros é importante.Para ele, para haver conhecimento, deve haver o ser deve interagir no sentido de ampliar seu conhecimento, tendo uma perspectiva mais construtivista como Piaget.

Aliás, Vygotsky tem uma teoria muito parecida com a de Piaget, e o que torna mais curioso o fato de terem nascido no mesmo ano. Mesmo eles não tendo ideias iguais em certos aspectos, dois célebres pensadores que desenvolveram teorias muito ligadas que nasceram no mesmo ano é muito interessante não? Pois é. Eu nasci no mesmo dia que Michael Jackson! 

Voltando para o assunto da pauta, percebe-se que Vygotsky tinha uma visão bem socialista em sua teoria. Deve-se a isto, acredito eu, o fato de que sua teoria foi desenvolvida partindo de princípios Marxistas.

Apesar de gostar muito da Teoria de Piaget, como dito anteriormente, acho que Vygotsky "peca" ao sobrecarregar a ligação entre  aprendizagem e socialização. Não que não ache interessante este conceito, mas porque creio que há métodos tão eficientes quanto ao proposto por ele para aprender.  

Mas princípios como a internalização, já defendida por Piaget, são muito bem tratados por ele. Aliás, o seu trabalho quanto o desenvolvimento da ZDP é muito bom, no sentido de perceber a aprendizagem sendo construída aos poucos, mais com a interação do ser com outro. A motivação aqui, também se faz extremamente importante.

Por fim, acredito que nós professores (eu, futuro), podemos utilizar nessa teoria no sentido de desafiar o aluno, fazê-lo interagir e discutir para aprender e, acima de tudo, motivá-lo ao conhecimento.


Quadros comparativos das Teorias de Piaget e Vygotsky


SEMELHANÇAS
VYGOTSKY E PIAGET
São interacionistas, isto é, estão atentos para relevância das conexões entre o individuo e meio na elaboração dos processos psíquicos.
São construtivistas em suas concepções do desenvolvimento intelectual, ou seja, sustentam que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio.
Os dois se opõem tanto a teoria empirista quanto à concepção racionalista.
Ambos enfatizam a necessidade de compreensão da gênese dos processos cognitivos.
Defendem que é importante que se respeite o nível da criança na colocação mínima e máxima para cada ensinamento.
Consideram o discurso egocêntrico como ponto de partida do discurso interior.
Ambos empregam métodos qualitativos que buscam apreender os fenômenos psicológicos em sua dinâmica e não somente resultados isolados expressos em estatísticas.
Defendem que a imaginação surge da ação, o que é importante na formação da consciência.


DIFERENÇAS
VYGOTSKY
PIAGET
Quanto ao papel dos fatores internos e externos no desenvolvimento
Privilegia o ambiente social. Reconhece que se variando esse ambiente, o desenvolvimento também variará. Não aceitando uma visão única e universal do desenvolvimento humano.
Privilegia a maturação biológica. Aceita que os fatores internos preponderam sobre os externos, postula o desenvolvimento em sequencia fixa e universal de estagio.

Quanto à construção real
Diz que a criança já nasce num mundo social, e desde o nascimento forma visão do mundo através de interação com adultos ou crianças mais velhas. Pro-cede-se então do social para o individual ao longo do desenvolvimento.
Acredita que os conhecimentos são elaborados espontaneamente pela criança, de acordo com o estagio de desenvolvimento que se encontra, aproximando-se da concepção dos adultos
Quanto ao papel da aprendizagem
Postula que desenvolvimento e aprendizagem são processos que se influenciam reciprocamente, portanto, quanto mais aprendizagem, mais desenvolvimento.
Acredita que a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento e tem pouco impacto sobre ele, minimizando o papel da interação social.
Quanto ao papel da linguagem no desenvolvimento e relação entre linguagem e pensamento
Pensamentos e linguagem são processos interdependentes, desde o inicio da vida. A aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores, dando uma forma ao pensamento, possibilitando o aparecimento da imaginação, da memória e o planejamento da ação. A linguagem sistematiza a experiência direta das crianças e por isso adquire uma função central no desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão em andamento.
O pensamento aparece antes da linguagem, sendo uma das suas formas de expressão. Pensamento depende da coordenação dos esquemas sensoriomotores e não da linguagem. Esta só ocorre depois que a criança já alcançou determinado nível de habilidades mentais, subordinando-se aos processos de pensamento. Estabelece separação entre as informações que podem ser passadas por meio da linguagem e os processos que não parecem sofrer qualquer influencia cognitiva.


AmigoNerd.net. Quadro comparativo - Jean Piaget e Vigotsky. Disponível em: http://amigonerd.net/sociais-aplicadas/pedagogia/quadro-comparativo-jean-piaget-e-vygotsky. Acesso em 16 fev. 2013.


Esquema - Os quatro estágios da ZDP

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Piaget - Psicologia Genética e Educação

Biólogo, o suíço Jean Piaget interessou-se desde cedo pela filosofia, particularmente pelo campo da epistemologia. O princípio que norteou suas pesquisas esteve vinculado à compreensão do sujeito epistêmico, e não do sujeito psicológico.


Um dos grandes temas da epistemologia é saber como se passa de um estado de menor conhecimento para um estado de maior conhecimento. Este problema despertou a tenção de Piaget e foi base nas formulações de Kant.


Piaget considerava dois tipo de conhecimentos: a posteriori e a priori, sendo o segundo de maior relevância em nosso contexto. Os juízos a priori são gerais, universais e tidos como válidos por serem aplicados a quaisquer objetos.

Estudando esse problema que chamou sua atenção inicialmente, Piaget percebeu que poderia responder a este problema epistemológico se estudasse o progresso das categorias de conhecimento no decorrer da vida da pessoa, da infância à idade adulta. Podemos afirmar então que a psicologia de Piaget foi elaborada tendo em vista a construção de sua epistemologia.

Para seu estudo, Piaget recorreu a um procedimento que ficou conhecido como abordagem clínica, uma entrevista livre em que o pesquisador busca averiguar os fundamentos e processos relativos à capacidade cognitiva de seus sujeitos experimentais. O método piagetiano de pesquisa não consistia em medir inteligência, mas sim, compreender como o indivíduo formula suas concepções sobre o mundo que o cerca, como resolve problemas, como explica fenômenos naturais.

Quando falamos em método piagetiano, estamos nos referindo a uma abordagem de pesquisa, e não a uma estratégia de trabalho pedagógico. A perspectiva piagetiana vai ao encontro de processos pedagógicos em que os alunos são tratados de acordo com suas particularidades cognitivas.

Piaget considera que o conhecimento só é possível quando o sujeito, aquele que irá conhecer, e o objeto, aquilo que será conhecido, relacionam-se de uma determinada maneira: o sujeito age sobre o objeto. Nessa perspectiva temos, primeiramente, a existência de algo que impulsiona o sujeito em direção ao objeto. Estando em um desequilíbrio, o objeto exerce pressão perturbadora sobre o sujeito e após, o sujeito faz buscas a fim de o objetivo ser conhecido.

Vale ressaltar que Piaget enfatiza muito a motivação do aluno. Não havendo motivação, o aluno não se posiciona de modo ativo diante da matéria e, consequentemente, não aprende.

Logo mais adiante, Piaget descreveu outros processos utilizados pelo sujeito na sua tentativa de adaptação: a assimilação, a acomodação e o equilíbrio.

A assimilação para Piaget é uma integração à estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação.

Já podemos chamar de acomodação toda modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) ao quais se aplicam.

Por fim, o equilíbrio representa o conhecimento, mas este ainda será constantemente desafiado.

Cabe a nós professores (eu, futuro), apresentar situações desafiadoras que permitem ao aluno perceber o desequilíbrio que há entre ele e os conteúdos das matérias escolares.

Piaget acredita que todos os seres humanos nascem com um potencial que os habilita a conhecer e que esse potencial é o mesmo em todas as pessoas.

A Teoria de Desenvolvimento Cognitivo


O desenvolvimento intelectual envolve a passagem do indivíduo por quatro grandes períodos, vivenciados necessariamente em sequência, conforme determinação biológica.

O primeiro período chamado sensório-motor, vai até os 24 meses da criança. Este é marcado pela inexistência de representações, imagens mentais dos objetos que cercam o indivíduo. Nesse período, predomina o processo de assimilação que começa com o simples exercício dos reflexos até trazê-los para dentro de referencial cognitivo da criança.

Já o segundo período, chamado período pré-operatório é marcado pela transformação de esquemas - e esquemas combinados - de ação em esquemas cognitivos. Esta fase vai dos 2 aos 7 anos e também é neste período que ocorreo o desenvolvimento da linguagem oral. Mostra ainda, o início da transição do egocentrismo para a socialização.

O terceiro período, que vai dos 7 aos 12 anos tem como característica essencial o desenvolvimento da capacidade de realizar operações. Este período é chamado operatório-concreto.

Já o quatro período, o operatório-formal, vai dos 12 aos 16 anos. Sua principal característica é a transformação dos esquemas cognitivos até então organizados, capazes de realizar operações concretas, em esquemas que operam com base em realidades apenas imaginadas como possíveis.

Outro ponto que Piaget destaca é que a trajetória do pensamento intelectual é acompanhada pel desenvolvimento da sociabilidade do indivíduo. O percurso da saciabilidade é a passagem do estado egocêntrico a um estado de plena socialização, sendo que este momento final é atingindo durante o decorrer do período operatório-formal.

Piaget ressalta também, a importância da cooperação para o desenvolvimento humano. Segundo ele, cabe ao professor incentivar esse sentimento.

Por fim,  a citação de Cunha (2008) explica por si: 

   "A visão piagetiana pode ser  interpretada como ideologia, uma vez que apresenta um mundo cooperativo e consensual, enquanto a ordem social que conhecemos caminha a passos largos para o conflito generalizado entre os segmentos que a compõem. Visto desse modo, Piaget não faz mais nada do que ocultar as mazelas do sistema excludente e autoritário em que vivemos, o que serviria para perpetuá-lo. Ou talvez sua concepção não passe de uma ilusão sociológica, reflexo de um universo idealizado que jamais existe nem existirá.

Mas Piaget também pode ser compreendido como o epistemólogo que elaborou instrumentos teóricos para incentivar a luta dos educadores, e de todos os cidadãos, por uma sociedade e uma escola mais justas e igualitárias. Nessa direção, suas idéias tornam-se um legado para todos os que acreditam na possibilidade de uma educação escolar transformadores, que propicie liberdade do pensamento e ação para todas as crianças e jovens e contribua para a construção de um novo mundo no futuro."


Observações da teoria Piagetiana

Sinceramente, a teoria piagetiana foi a que me chamou mais a atenção até o momento. Veremos depois que, aliada a outra teoria que eu acho incrível, poderíamos obter um conceito de educação muito significativo. Mas, por enquanto, me deterei a comentar Piaget.

Acredito que Piaget, biólogo, teve uma das melhores teorias da aprendizagem abordadas na disciplina. Através do seu estudo sobre o Sujeito Epistemológico, Piaget tentou compreender como um sujeito passa de um nível de menor conhecimento para um de maior conhecimento. Para tal, desenvolveu suas próprias ferramentas de pesquisa, que inovaram em comparação as outras teorias. A abordagem clínica não visava medir o conhecimento, como na abordagem comportamentalista, mas sim, entender como o individuo entende as suas concepções sobre o mundo.

Outro ponto relevante, é quanto à sua extrema crítica às teorias comportamentalistas. E ao concordar com ele, acredito que o extremismo que a abordagem anterior têm, acaba prejudicando o aluno em certos aspectos. Afinal, o objetivo da escola não é formar alunos que apenas repetem o que os outros fazem, e sim, criarem suas próprias ideias, conclusões e projetos. O aluno, em sua visão, deveria ser inserido ao contexto do que está sendo ensinado e ser motivado a "correr atrás" de mais, para a construção do seu conhecimento real, o que vem a ser chamado após, de aprendizagem significativa.

Vale ressaltar também, que através da abordagem clínica, Piaget conseguiu criar uma ótima teoria sobre o desenvolvimento cognitivo da criança chamada por ele de teoria do desenvolvimento cognitivo. Nessa visão, ele reflete a maneira que crianças aprendem, como ocorre o desenvolvimento da cognição e dos sistemas que serão indispensáveis para o futuro adulto que irá se formar. E, ao interligar a teoria do desenvolvimento cognitivo com o desenvolvimento da sociabilidade da criança, Piaget consegue entender como e quando este segundo ocorre. Ele ainda, acredita muito no trabalho cooperativo.

Por fim, devo dizer que fiquei realmente impressionado e motivado a usar da teoria Piagetiana, para melhor meu desempenho em sala de aula, e assim, melhorar a aprendizagem dos alunos.