quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Piaget - Psicologia Genética e Educação

Biólogo, o suíço Jean Piaget interessou-se desde cedo pela filosofia, particularmente pelo campo da epistemologia. O princípio que norteou suas pesquisas esteve vinculado à compreensão do sujeito epistêmico, e não do sujeito psicológico.


Um dos grandes temas da epistemologia é saber como se passa de um estado de menor conhecimento para um estado de maior conhecimento. Este problema despertou a tenção de Piaget e foi base nas formulações de Kant.


Piaget considerava dois tipo de conhecimentos: a posteriori e a priori, sendo o segundo de maior relevância em nosso contexto. Os juízos a priori são gerais, universais e tidos como válidos por serem aplicados a quaisquer objetos.

Estudando esse problema que chamou sua atenção inicialmente, Piaget percebeu que poderia responder a este problema epistemológico se estudasse o progresso das categorias de conhecimento no decorrer da vida da pessoa, da infância à idade adulta. Podemos afirmar então que a psicologia de Piaget foi elaborada tendo em vista a construção de sua epistemologia.

Para seu estudo, Piaget recorreu a um procedimento que ficou conhecido como abordagem clínica, uma entrevista livre em que o pesquisador busca averiguar os fundamentos e processos relativos à capacidade cognitiva de seus sujeitos experimentais. O método piagetiano de pesquisa não consistia em medir inteligência, mas sim, compreender como o indivíduo formula suas concepções sobre o mundo que o cerca, como resolve problemas, como explica fenômenos naturais.

Quando falamos em método piagetiano, estamos nos referindo a uma abordagem de pesquisa, e não a uma estratégia de trabalho pedagógico. A perspectiva piagetiana vai ao encontro de processos pedagógicos em que os alunos são tratados de acordo com suas particularidades cognitivas.

Piaget considera que o conhecimento só é possível quando o sujeito, aquele que irá conhecer, e o objeto, aquilo que será conhecido, relacionam-se de uma determinada maneira: o sujeito age sobre o objeto. Nessa perspectiva temos, primeiramente, a existência de algo que impulsiona o sujeito em direção ao objeto. Estando em um desequilíbrio, o objeto exerce pressão perturbadora sobre o sujeito e após, o sujeito faz buscas a fim de o objetivo ser conhecido.

Vale ressaltar que Piaget enfatiza muito a motivação do aluno. Não havendo motivação, o aluno não se posiciona de modo ativo diante da matéria e, consequentemente, não aprende.

Logo mais adiante, Piaget descreveu outros processos utilizados pelo sujeito na sua tentativa de adaptação: a assimilação, a acomodação e o equilíbrio.

A assimilação para Piaget é uma integração à estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação.

Já podemos chamar de acomodação toda modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) ao quais se aplicam.

Por fim, o equilíbrio representa o conhecimento, mas este ainda será constantemente desafiado.

Cabe a nós professores (eu, futuro), apresentar situações desafiadoras que permitem ao aluno perceber o desequilíbrio que há entre ele e os conteúdos das matérias escolares.

Piaget acredita que todos os seres humanos nascem com um potencial que os habilita a conhecer e que esse potencial é o mesmo em todas as pessoas.

A Teoria de Desenvolvimento Cognitivo


O desenvolvimento intelectual envolve a passagem do indivíduo por quatro grandes períodos, vivenciados necessariamente em sequência, conforme determinação biológica.

O primeiro período chamado sensório-motor, vai até os 24 meses da criança. Este é marcado pela inexistência de representações, imagens mentais dos objetos que cercam o indivíduo. Nesse período, predomina o processo de assimilação que começa com o simples exercício dos reflexos até trazê-los para dentro de referencial cognitivo da criança.

Já o segundo período, chamado período pré-operatório é marcado pela transformação de esquemas - e esquemas combinados - de ação em esquemas cognitivos. Esta fase vai dos 2 aos 7 anos e também é neste período que ocorreo o desenvolvimento da linguagem oral. Mostra ainda, o início da transição do egocentrismo para a socialização.

O terceiro período, que vai dos 7 aos 12 anos tem como característica essencial o desenvolvimento da capacidade de realizar operações. Este período é chamado operatório-concreto.

Já o quatro período, o operatório-formal, vai dos 12 aos 16 anos. Sua principal característica é a transformação dos esquemas cognitivos até então organizados, capazes de realizar operações concretas, em esquemas que operam com base em realidades apenas imaginadas como possíveis.

Outro ponto que Piaget destaca é que a trajetória do pensamento intelectual é acompanhada pel desenvolvimento da sociabilidade do indivíduo. O percurso da saciabilidade é a passagem do estado egocêntrico a um estado de plena socialização, sendo que este momento final é atingindo durante o decorrer do período operatório-formal.

Piaget ressalta também, a importância da cooperação para o desenvolvimento humano. Segundo ele, cabe ao professor incentivar esse sentimento.

Por fim,  a citação de Cunha (2008) explica por si: 

   "A visão piagetiana pode ser  interpretada como ideologia, uma vez que apresenta um mundo cooperativo e consensual, enquanto a ordem social que conhecemos caminha a passos largos para o conflito generalizado entre os segmentos que a compõem. Visto desse modo, Piaget não faz mais nada do que ocultar as mazelas do sistema excludente e autoritário em que vivemos, o que serviria para perpetuá-lo. Ou talvez sua concepção não passe de uma ilusão sociológica, reflexo de um universo idealizado que jamais existe nem existirá.

Mas Piaget também pode ser compreendido como o epistemólogo que elaborou instrumentos teóricos para incentivar a luta dos educadores, e de todos os cidadãos, por uma sociedade e uma escola mais justas e igualitárias. Nessa direção, suas idéias tornam-se um legado para todos os que acreditam na possibilidade de uma educação escolar transformadores, que propicie liberdade do pensamento e ação para todas as crianças e jovens e contribua para a construção de um novo mundo no futuro."


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